12.7.04

PRA NÃO DIZER QUE SÓ FALEI DE FLORES

Orgulho é o que não deve faltar aos capixabas, já que foi no Espírito Santo onde nasceu o Rei, Roberto Carlos . Menos gloriosa que a Jovem Guarda é a situação em que se encontra o esquema de música independente do Estado: entre a cruz e a espada, reflexo do que acontece no resto do país. Se de um lado existe o ainda prematuro movimento das grandes gravadoras em contratar artistas do meio independente, do outro, na cena indie, pode estar a única chance de continuar com total e irrestrito controle sobre o rumo criativo da carreira. Discussão avançada essa, para um Estado que não está entre os principais pólos de produção e manutenção da nova música pop que vem sendo feita no Brasil.

"Nada se sustenta no meu Estado se você não está com os poucos que comandam o pouco. Em São Paulo e no Rio as coisas são maiores e dá pra dividir melhor o bolo", é o que declara Rodrigo, vocalista da banda capixaba Dead Fish, unanimidade quando o assunto é hardcore nacional. Depois de 13 anos em que fizeram história no underground, a banda assinou com a Deck Disc (da qual também fazem parte Pitty e mais recentemente os paulistanos do Gram) para lançar o cd Zero e Um este ano. Divulgado à exaustão, como manda o figurino de um contrato com gravadora; fora da realidade para qualquer banda independente.

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TODO JORNALISMO É CULTURAL

"(...) Essa expressão, jornalismo cultural, é um pouco incômoda, (...) porque parece tratá-lo da mesma forma como tantas vezes ele ainda é tratado pela grande imprensa brasileira - desempenhando um papel algo secundário, quase decorativo (...)", é o que escreve Daniel Piza logo na primeira página de seu livro Jornalismo Cultural (Editora Contexto). Pois bem, é chegada a hora da fauna moderninha dos cadernos culturais olhar desafiadora por cima de seus óculos de aro grosso, apontar o dedo para os engravatados das outras redações do jornal e fazer valer toda a atitude das bandas cujos nomes eles carregam na camiseta. Não uma atitude Belle and Sebastian , mas quem sabe uma Nine Inch Nails, por exemplo.

Hora de fazer o jornalista quatrocentão (que também deve viver de umas boas boquinhas na política) se lembrar de suas primeiras aulas na faculdade, sim, aquelas a que ele assistia mais por obrigação do papai rico que custeava seus estudos do que por vontade de aprender, por exemplo, como se talhava na pedra para fazer anotações ou como operar a prensa de Gutenberg (vou lá eu saber que raio de coisas se aprendiam em uma faculdade há 50 anos atrás ou mais? Pelo menos devia ter uma professora gostosa de saia no meio da canela pra compensar, não é verdade?).

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A MÚSICA REDONDA DO INCUBUS

A influência da praia pode ser marcada pelo bucolismo, mas é mesmo a vertente punk-rocker que comanda a produção musical californiana. Mais uma cria dessa fórmula, o Incubus diferencia-se por manter um trabalho impecável e constante. A Crow Left Of The Murder..., novo trabalho da banda lançado este ano, apresenta um peso maior aliado à todo aquele estilo inconfundível do grupo.

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